Delegado Joaquim e o Eletricista de Mentira
Antigamente, em Euclides da Cunha, tinha uma delegacia que o povo chamava também de “quartel”, que ficava na Rua da Igreja. Depois se mudou lá pra BR-116, pertinho do Hiper Padaria , onde hoje em dia só falta vender até tijolo com presunto. Pois bem, o delegado da época era um cabra tranquilo chamado Joaquim Damasceno. Pense num homem calmo, quase um monge de farda, PORÉM bem competente.
Joaquim Damasceno
Naquele tempo, a energia da cidade era ligada no braço: alguém ia lá às 6 da tarde, dava o jeitinho e acendia tudo; e às 4 da manhã desligava de novo, na manivela mesmo. Era o modo econômico raiz.
Aí nos anos 80 apareceu um gaiato chamado Jaú, tirado a eletricista, figura moradora da Rua dos Lima. O danado resolveu fazer gracinha: começou a desligar os postes à toa, só de sacanagem, pra ver o povo no breu. Era tipo o “pegadinha do Mallandro”, só que versão poste.
Joaquim Damasceno
— Jaú, rapaz, soube que tu é eletricista. Pois vá ali consertar essa tomada!
Jaú, todo besta, entrou. Olhou pro lado e perguntou:
— Ué... e cadê a tomada?
O delegado, com um sorrisinho de canto de boca, trancou a grade com um cadeado e falou:
— Primeiro eu vou instalar os fios... você espera aí, visse?
Resultado: Jaú ficou “esperando os fios” por 4 dias preso, só com pão e risada, e nunca mais teve coragem de meter a mão nos postes da cidade. Foi a pegadinha que virou lição!
**** Causo euclidense *****
O DIA EM QUE ZÉ POPÔ (TECLADISTA) SALVOU O RABINHO DE TATU
Conjunto The Lunik Som
Lá no finzinho dos anos 1970, o conjunto The Lunik Som, comandado por Edmundo Esteves, foi tocar em Canudos, que naquela época ainda era chamado de Cocorobó e fazia parte de Euclides da Cunha.
A festa tava marcada pra de noite, mas o grupo resolveu sair cedo pra almoçar e montar o som com calma. Só que no meio da estrada, a veraneio (aquele carro que parecia aguentar até guerra) furou um pneu.
Trocaram... e o estepe também tava furado! A viagem atrasou mais que promessa de político.
Sorte de Zé Popô, que levou um pacote de bolacha Maria. Virou o almoço improvisado, mesmo colando no céu da boca de tão seca.
Chegaram em Canudos lá pelas 4 da tarde, com a barriga roncando. Montaram o som no clube, que naquela época, Banda de músicos chamavam de “conjunto”, e começaram a testar. Mas a fome foi apertando… e a janta só ia sair às 9 da noite.
Foi aí que Amauri, técnico de som e motorista da veraneio, disse:
— Bora dar uma volta pra ver se acha alguma coisa pra forrar o bucho!?
Foram ele, Zé Raimundo de Edmundo (guitarra base), Zé Popô (tecladista), Galego (guitarrista solo), Elias da Maria Senhora (baterista) e mais uns cabras.
Por volta das 7 e meia da noite, viram um movimento numa casa.
Era um aniversário. Pela janela, deram de cara com uma tábua gigante de rabinho de tatu, empada e pastel.
A fome bateu mais forte que bumbo de ensaio. Armaram um plano de guerrilha:
• Amauri desligaria a chave geral de energia da rua.
• Zé Raimundo e Elias iam ficar na janela pra receber.
• E o negão, Zé Popô, infiltrado, ia pegar a tábua de quitutes.
Apagão! Escuridão total. Zé Popô entrou como quem não quer nada. Mas justo nessa hora, entrou um TEIÚ do tamanho de um jegue pequeno, dando rabada pra todo lado.
Foi gritaria e desespero!
Amauri correu e religou a luz. E o que viram? Zé Popô no meio da sala, braços pra cima, equilibrando a tábua de salgados como se fosse troféu.
O dono da festa, surpreso, perguntou:
— Ei, meu senhor, tá levando isso pra onde?
E Zé Popô, mais sem graça que peixe fora d’água, respondeu:
— O teiú é meu... se soltou... eu só vim salvar o tira-gosto antes que ele comesse tudo!
O dono da festa, que era o pai do aniversariante, engoliu a história com farinha e ainda distribuiu comida e bebida pra toda a banda.
Zé Raimundo de Edmundo, de tanto rir, nem conseguiu comer. E durante o show, a banda tinha que parar às vezes pra controlar as risadas.
Foi um show histórico. De música... e de comédia!
Seta: Zé Raimundo
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