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sábado, 3 de maio de 2025

Causos euclidenses

  Delegado Joaquim e o Eletricista de Mentira

 






Antigamente, em Euclides da Cunha, tinha uma delegacia que o povo chamava também de “quartel”, que ficava na Rua da Igreja. Depois se mudou lá pra BR-116, pertinho do Hiper Padaria , onde hoje em dia só falta vender até tijolo com presunto. Pois bem, o delegado da época era um cabra tranquilo chamado Joaquim Damasceno. Pense num homem calmo, quase um monge de farda, PORÉM bem competente.

Joaquim Damasceno 


Naquele tempo, a energia da cidade era ligada no braço: alguém ia lá às 6 da tarde, dava o jeitinho e acendia tudo; e às 4 da manhã desligava de novo, na manivela mesmo. Era o modo econômico raiz.



Aí nos anos 80 apareceu um gaiato chamado Jaú, tirado a eletricista, figura moradora da Rua dos Lima. O danado resolveu fazer gracinha: começou a desligar os postes à toa, só de sacanagem, pra ver o povo no breu. Era tipo o “pegadinha do Mallandro”, só que versão poste.


Joaquim Damasceno

 (acervo: Raquel Damaceno)


Delegado Joaquim, com aquele jeito dele de calma de padre em retiro, mandou chamar o tal do Jaú pra “conversar”. Quando o bicho chegou lá, Joaquim botou ele num quartinho na delegacia e disse:


— Jaú, rapaz, soube que tu é eletricista. Pois vá ali consertar essa tomada!


Jaú, todo besta, entrou. Olhou pro lado e perguntou:


— Ué... e cadê a tomada?


O delegado, com um sorrisinho de canto de boca, trancou a grade com um cadeado e falou:


— Primeiro eu vou instalar os fios... você espera aí, visse?


Resultado: Jaú ficou “esperando os fios” por 4 dias preso, só com pão e risada, e nunca mais teve coragem de meter a mão nos postes da cidade. Foi a pegadinha que virou lição!




***** Causo euclidense ******

A calça frouxa, Mundinho Doido e a feijoada perdida



No São João de 1988, existia um bar-restaurante famoso chamado Álibi de Lúcio, colado na Lotérica da Praça. Era lá que o povo se refugiava do calor, da ressaca e da sogra, tudo num lugar só. E a especialidade da casa? Uma feijoada que fazia até santo bater palmas!
Mundinho Doido, que já era conhecido na cidade por suas traquinagens, era amigo de um turista arretado chamado Mutelo. Mutelo tava hospedado na casa de Dona Marizete, ali na praça Duque de Caxias, pertinho do Moto Viagem, aquele canto onde a moto passa mais que o vento.
Num belo dia, Dona Marizete pediu pra Mutelo ir buscar uma feijoada no Álibi, uma daquelas completas, pra quatro pessoas, mas que um só já se acabava. E lá foi Mutelo, todo alinhado, com as calças meio frouxas (parecendo que tava vestindo a calça do sogro), carregando a bandeja com as duas alças, equilibrando como se fosse garçom de novela.
Aí foi que a peste do Mundinho aprontou. Viu o cabra no meio da rua, desatento, e não pensou duas vezes: veio sorrateiro por trás e PUXOU as calças do coitado! Mutela ficou ali, no meio da rua, mais pelado que caranguejo na salmoura!
E agora? Ou segurava a feijoada ou subia as calças! O bicho respirou fundo, pensou rápido, botou a bandeja no chão com todo cuidado do mundo, que feijoada não se joga fora nem por dignidade, foi cobrir o que tava ao léu.
Pense num alvoroço! Mutelo voltou ao restaurante, tentou agredir Mundinho, empurrou o infeliz, que caiu no chão de bunda e perdeu até o senso de direção. A turma do “deixa disso” apareceu pra apartar a treta, mas o clima já tava parecendo final de novela.
Na frente do bar tinha um cabra com um cachorro enorme na coleira, um verdadeiro jumento de quatro patas. Mundinho, ainda bufando, aproveitou a confusão: soltou a coleira do bicho e gritou:
“PEGA MUTELO, REX!”
O cachorro saiu foi desembestado... mas ao invés de correr atrás do homem, correu foi pra feijoada! Em segundos, já tava com o focinho dentro da panela, feliz da vida, como se fosse convidado da festa.
A praça inteira caiu na risada. Mutelo, de calça erguida e feijoada perdida, só faltou chorar... mas depois também riu. Porque em Euclides da Cunha, até a vergonha vira história boa pra contar!

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**** Causo euclidense *****


 O DIA EM QUE ZÉ POPÔ (TECLADISTA) SALVOU O RABINHO DE TATU


Conjunto The Lunik Som

Lá no finzinho dos anos 1970, o conjunto The Lunik Som, comandado por Edmundo Esteves, foi tocar em Canudos, que naquela época ainda era chamado de Cocorobó e fazia parte de Euclides da Cunha.

A festa tava marcada pra de noite, mas o grupo resolveu sair cedo pra almoçar e montar o som com calma. Só que no meio da estrada, a veraneio (aquele carro que parecia aguentar até guerra) furou um pneu.

 













Trocaram... e o estepe também tava furado! A viagem atrasou mais que promessa de político.

Sorte de Zé Popô, que levou um pacote de bolacha Maria. Virou o almoço improvisado, mesmo colando no céu da boca de tão seca.

Chegaram em Canudos lá pelas 4 da tarde, com a barriga roncando. Montaram o som no clube, que naquela época, Banda de músicos chamavam de “conjunto”, e começaram a testar. Mas a fome foi apertando… e a janta só ia sair às 9 da noite.

Foi aí que Amauri, técnico de som e motorista da veraneio, disse:

— Bora dar uma volta pra ver se acha alguma coisa pra forrar o bucho!?

Foram ele, Zé Raimundo de Edmundo (guitarra base), Zé Popô (tecladista), Galego (guitarrista solo), Elias da Maria Senhora (baterista) e mais uns cabras.

Por volta das 7 e meia da noite, viram um movimento numa casa.

 Era um aniversário. Pela janela, deram de cara com uma tábua gigante de rabinho de tatu, empada e pastel.

A fome bateu mais forte que bumbo de ensaio. Armaram um plano de guerrilha:

• Amauri desligaria a chave geral de energia da rua.

• Zé Raimundo e Elias iam ficar na janela pra receber.

• E o negão, Zé Popô, infiltrado, ia pegar a tábua de quitutes.

Apagão! Escuridão total. Zé Popô entrou como quem não quer nada. Mas justo nessa hora, entrou um TEIÚ do tamanho de um jegue pequeno, dando rabada pra todo lado.



Foi gritaria e desespero!

 Amauri correu e religou a luz. E o que viram? Zé Popô no meio da sala, braços pra cima, equilibrando a tábua de salgados como se fosse troféu.

O dono da festa, surpreso, perguntou:

— Ei, meu senhor, tá levando isso pra onde?

E Zé Popô, mais sem graça que peixe fora d’água, respondeu:

— O teiú é meu... se soltou... eu só vim salvar o tira-gosto antes que ele comesse tudo!

O dono da festa, que era o pai do aniversariante, engoliu a história com farinha e ainda distribuiu comida e bebida pra toda a banda.

Zé Raimundo de Edmundo, de tanto rir, nem conseguiu comer. E durante o show, a banda tinha que parar às vezes pra controlar as risadas.

Foi um show histórico. De música... e de comédia!



Seta: Zé Raimundo







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