domingo, 16 de março de 2014

Isso é folclore - Figuras que marcaram a ápoca

Quem lembra dessa figura? Era bem conhecido nas décadas de 60, 70 e 80 por “Torrado”. Torrado andava sempre alegre com uma flanela vermelha no ombro para lavar os carros dos comerciantes de Euclides da Cunha e viajantes. Enquanto lavava, ele assobiava, soprava sua gaita desafinada e cantava em voz alta as músicas de Agnaldo Timóteo. Muitas vezes era visto com seu irmão Teodoro  que também era lavador de carro e muito conhecido. Enquanto Torrado cantava alto, Teodoro, meio tomado de uma cachacinha, gritava discursando política em cima de um tamborete com as duas mãos tapando um dos olhos. “Berrava” tanto que Torrado pedia pra ele ir embora, ameaçando derrubá-lo do tamborete. Simplesmente Teodoro saia e partia para discursar no banco da Praça com dois ou três ouvintes bêbados batendo palmas.

Torrado tinha uma mania de pedir sapatos usados aos donos dos carros. Podia ser de qualquer número, 36...42,46,  e ai vai. Certa vez queria os sapatos de um senhor funcionário público  deficiente dos pés que mancava com seus pequenos sapatos de número 33, e logo, o aposentado desferia um “coque” rasteira na cabeça de Torrado pela insistência de pedir seus sapatos 33. Uma semana depois, Torrado apareceu para o aposentado protegido por um grande boné revestido de chapa de ferro na parte interna, como mostra a foto abaixo. Pela sua persistência conseguiu o que queria. Após ser presenteado com os pequenos sapatos, passou no Zé da Cola onde transformou os sapatinhos numas alpercatas e saiu feliz andando com os calcanhares tocando o chão.  O nome do aposentado? Ahh, prefiro não mencionar, mas, quem conviveu aqui nessa época sabe

Fotos/contribuição: Neide Dantas (Acervo: Gildo Dantas)



Dicionário de Cumbe
Coque:  Golpe com a mão fechada contra a cabeça de outro sem causar hematomas ou sequelas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lembra-se da mulher de roxo que vivia em Salvador? Pois então, figuras simples virando lendas.

Cara, olhando para trás, tudo dar saudades.