sexta-feira, 21 de março de 2014

Bandeira de Euclides da Cunha - Bahia



ANO DO PROJETO: 1971
AUTORA: NILZETE DANTAS DE MOURA

A história de nossa Bandeira nos reporta ao início da década de 1970, precisamente em1971, numa sala de aula da disciplina INGLÊS, ministrada pela Profª Dra. Adalgisa Nadir Aras Macedo do curso Técnico de Contabilidade, que, por ocasião da “1ª Semana da Cultura”, programada pelos educadores locais, cuja liderança coube à professora Adalgisa,  que  estimulou a  participação ativa nos eventos programados quais sejam: exposição de objetos de arte (pintura), gincana, apresentação do Hino Municipal, cuja letra é de autoria de seu saudoso pai José Aras ( que nos privilegiou com suas informações sobre a região, contribuindo com a cultura local, demonstrando, dessa forma, a admirável memória de: poeta, escritor, repentista e Radiestesista e muito contribuiu para a evolução de nossa história). Além de outras atividades, estava também incluída na programação o concurso para instituir a Bandeira do Município, cuja escolha ficaria a cargo da Câmara Municipal e aprovação do representante do Executivo local.


Após muita reflexão, Nilzete Dantas decidiu apresentar um projeto da bandeira cujas cores lembrassem a bandeira do Brasil e da Bahia, sendo assim, escolhidas as cores:  verde, amarelo, vermelho e branco.
Apesar de situado na região do semi-árido baiano, portanto, sujeito a períodos de estiagem muitas vezes prolongados, caracterizado pelo sol causticante, ocasionando grandes  prejuízos à flora e fauna da região, nosso município tem o privilégio de estar localizado numa área que apresentava densa vegetação conhecida como “ Mata das Preguiças” (considerada um verdadeiro oásis) assim denominada por abrigar diversos tipos de animais regionais  (dentre os quais grande número de preguiças), e, cuja terra vermelha,  destacando-se por sua fertilidade e biodiversidade, resistente à seca, com a presença de árvores frondosas tecidas por gravatás e lianas viçosas, contrastando com os cactos, cujas raízes retêm água para suportar os períodos de estiagem. Conta também a região com  uma mata coberta de aroeiras, cedros, angicos, macambiras, cipós, madeira de lei e outros vegetais característicos da caatinga. Esta vegetação, em conseqüência das secas, torna-se ressequida, esturricada com aparência de morta, denunciando uma natureza hostil, porém, esta mata destruída pela estiagem ressurge com as primeiras chuvas tornando-se campos verdes, alegres, enfeitados por flores campestres, pela beleza das garças e coloridas borboletas. Este fenômeno da natureza de renovação da flora, após a seca, com as primeiras chuvas,  serviu-me de inspiração para a escolha do VERDE de nossa Bandeira.

Nossa riqueza mineral, por muito tempo liderada pela extração da pedra calcárea, de excelente qualidade, motivou a opção pelo AMARELO. Esta cor representa também nosso SOL que, muitas vezes causticante, age impiedosamente nos períodos de estiagem ressecando nossos vegetais e castigando os animais que fenecem de fome e sede, mas, por outro lado, ilumina nossos dias em todas as estações, colaborando complacentemente com a lavoura, muitas vezes ameaçada pelo excesso de chuva durante os eventuais invernos rigorosos.

O VERMELHO além de caracterizar a  “ cor da vida” , o sangue derramado por nossos heróis massacrados covardemente numa luta sangrenta e desigual nos campos de batalha de Canudos (que na época da criação da bandeira ainda pertencia ao município de E. da Cunha). Representa também  nosso solo, cuja cor avermelhada, tudo indica que deu origem a alcunha de “bunda vermelha” aos que nascem ou vivem nesta cidade e que nossos vizinhos, de forma crítica, pensam nos ofender quando assim se referem a nossa população. Puro engodo, pois nosso município se destaca na região por possuir terras férteis (vermelhas ou roxas).

Nossa economia, a princípio liderada pela cultura do algodão herbáceo, chamado de “ouro branco” que posteriormente deu lugar a pecuária de pequeno e grande porte, servindo de sustentação para a região abalada por forte crise econômica agravada pelos acontecimentos de Canudos. Anos depois viria Cumbe, com o advento de bons invernos, a superar o impacto desta crise com o plantio de cereais principalmente o milho e o feijão e, por esta razão , esses vegetais aparecem em nossa bandeira como símbolo da economia local.
Finalmente o lema “LUTAMOS PELO PROGRESSO” é o slogan que enfatiza a luta do sertanejo pela sobrevivência na terra que tanto ama, como bem afirmara José Aras no Hino de Euclides da Cunha:
              “Salve ó rincão de filhos varonis
              Heróis anônimos mortos de pé
              Renasce ardente em nossos corações
             Tua bravura de amor e de fé”.

Colaboração: Nilzete Dantas de Moura

domingo, 16 de março de 2014

Isso é folclore - Figuras que marcaram a ápoca

Quem lembra dessa figura? Era bem conhecido nas décadas de 60, 70 e 80 por “Torrado”. Torrado andava sempre alegre com uma flanela vermelha no ombro para lavar os carros dos comerciantes de Euclides da Cunha e viajantes. Enquanto lavava, ele assobiava, soprava sua gaita desafinada e cantava em voz alta as músicas de Agnaldo Timóteo. Muitas vezes era visto com seu irmão Teodoro  que também era lavador de carro e muito conhecido. Enquanto Torrado cantava alto, Teodoro, meio tomado de uma cachacinha, gritava discursando política em cima de um tamborete com as duas mãos tapando um dos olhos. “Berrava” tanto que Torrado pedia pra ele ir embora, ameaçando derrubá-lo do tamborete. Simplesmente Teodoro saia e partia para discursar no banco da Praça com dois ou três ouvintes bêbados batendo palmas.

Torrado tinha uma mania de pedir sapatos usados aos donos dos carros. Podia ser de qualquer número, 36...42,46,  e ai vai. Certa vez queria os sapatos de um senhor funcionário público  deficiente dos pés que mancava com seus pequenos sapatos de número 33, e logo, o aposentado desferia um “coque” rasteira na cabeça de Torrado pela insistência de pedir seus sapatos 33. Uma semana depois, Torrado apareceu para o aposentado protegido por um grande boné revestido de chapa de ferro na parte interna, como mostra a foto abaixo. Pela sua persistência conseguiu o que queria. Após ser presenteado com os pequenos sapatos, passou no Zé da Cola onde transformou os sapatinhos numas alpercatas e saiu feliz andando com os calcanhares tocando o chão.  O nome do aposentado? Ahh, prefiro não mencionar, mas, quem conviveu aqui nessa época sabe

Fotos/contribuição: Neide Dantas (Acervo: Gildo Dantas)



Dicionário de Cumbe
Coque:  Golpe com a mão fechada contra a cabeça de outro sem causar hematomas ou sequelas.