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sábado, 12 de abril de 2025

Grupo The Lunik Som: um marco na história musical da região


Grupo The Lunik Som - Década 1960
Proprietário: Edmundo Esteves


Na foto, da esquerda para direita: Oliveira (conhecido como Bel Oliveira), Evangelista e Amauri.



O grupo musical The Lunik Som foi, sem dúvida, um dos maiores destaques da cena cultural regional. Fundado e administrado por Edmundo Esteves, o grupo conquistou espaço até fora de sua terra natal, realizando apresentações memoráveis no Sul da Bahia ao lado de grandes nomes como Os Lordões, Los Guarani, Os Sombras, Gildo Moreno, entre outros.

Foto/acervo: Chico D`Oliveira
Músicos chegaram cedo e foram assistir um jogo no campo em cima da veraneio. 




Curiosamente, embora fosse o proprietário do grupo, Edmundo não se apresentava com a banda. Ele liderava um conjunto regional à parte, onde brilhava com seu bandolim. Visionário, também foi proprietário da famosa Casa da Música, e mantinha sempre os equipamentos da Lunik Som atualizados com o que havia de mais moderno na época — era referência em qualidade sonora.


Vale lembrar que, naquele tempo, bandas como a Lunik Som eram chamadas de “conjunto”. E esse conjunto contava com uma estrutura digna dos grandes palcos: uma Veraneio — o mesmo modelo usado por Luiz Gonzaga — com capacidade para nove passageiros, garantindo conforto nas longas viagens. O motorista oficial, Amauri (irmão da professora Nilzete), também atuava como técnico de som e operador de gerador, demonstrando a versatilidade da equipe.





Foto/acervo: Chico D`Oliveira

Da esquerda para direita: Gerson, Edilson, Chico D`Oliveira, Ze da Cotinha, Iomar, Amauri e Zé Popô.


Entre os músicos que marcaram presença na formação da Lunik Som, destacam-se:

  • Iomar Canário, Chico D’OliveiraPelé e Zé Dilson Pinheiro (crooners)

  • Elias da Maria Senhora, Macedo e Chico D’Oliveira (bateristas)

  • Gerson e Evangelista (baixistas)

  • Edilson (guitarra solo)

  • Zé Raimundo Esteves (guitarra base)

  • Serapião (guitarrista)

  • Zé Popô (organista / tecladista)

  • Gilvan (trompetista)

(O site será atualizado com os nomes de outros músicos que fizeram parte dessa trajetória e merecem ser lembrados.)


Foto/acervo: Chico D`Oliveira

Caldas de Cipó (1977): Edilson, Chico, Zé Popô e Gerson


As apresentações da Lunik Som duravam, em média, cinco horas — frequentemente atravessando a madrugada. A logística seguia o estilo “bate e volta”, e o grupo raramente pernoitava nos locais das apresentações. A qualidade sonora impressionava: muitos afirmam que o som da Lunik Som superava o de várias bandas atuais. Era tecnologia de ponta para a época!

Os ensaios aconteciam no salão do Acre, e os músicos precisavam ter ouvido apurado. As músicas eram aprendidas direto da fita cassete, indo e voltando até que tudo estivesse no ponto. Graças à competência e sensibilidade dos músicos, o repertório era assimilado com rapidez e perfeição.

Aí é um colosso!” — dizia Zezito do Belo, pai do autor deste blog, sempre que ouvia a Lunik Som se apresentar.

Como forma de manter viva essa memória tão especial, surgiu a Conexão Lunik Som, uma nova banda formada por músicos da velha guarda e talentos da nova geração. O repertório homenageia as décadas de 60, 70 e 80 — mantendo viva a essência e a energia daquele tempo inesquecível.



Segue o link da banda atual Conexão Lunik Som em homenagem ao antigo grupo de Edmundo Esteves 


https://youtu.be/eupHc7Q8Olg?si=fmwcRyoA5Cm0g8JA


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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Luiz Gonzaga e sua parada sagrada em Euclides da Cunha - 1974

Foto/colaboração por e-mail: Jorge Canário (Jorge do Hugo)

Quem viveu aquele tempo sabe: Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, não era só um artista — era um filho do povo. E em suas andanças pelo sertão afora, quando o destino o levava pelas estradas da Bahia, fazia questão de dar uma paradinha especial em Euclides da Cunha. Vinha a bordo de sua famosa Veraneio, carrão robusto da época, que carregava músicos, histórias e sonhos. Era como se o próprio sertão tivesse motorizado.

O destino certo era o Bar e Restaurante "Ao Zezitex", do querido Zezito do Belo , José Augusto de Lima Campos (pai do autor). Era lá, onde hoje se ergue o Bar Princesinha, que Gonzaga encontrava abrigo, cheiro de café fresco e o calor do povo que tanto amava.

Com a maior simplicidade do mundo, descia do carro, pedia um cafezinho, cruzava as pernas e se sentava na frente do prédio, como quem diz: "Aqui eu tô em casa." Era um rei sem coroa, mas com o peito cheio de humildade. Recebia os amigos, trocava duas palavras com os fãs, dava risada, contava causos e deixava naquele chão poeirento um pouco de sua realeza sertaneja.

Na foto que eterniza esse momento tão simbólico, vemos da esquerda pra direita: Dedes Canário com seu neto Jorge do Hugo, Delço Mathias, Luiz Agres (Lula), Hildebrando Maia e, ao centro de tudo, Luiz Gonzaga — o homem que cantou nossas dores e alegrias, e que, por aqui, também deixou seu rastro de afeto.


Clique na imagem para ampliar 


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Data da postagem: 20/04/10



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terça-feira, 8 de abril de 2025

Na batida do vinil: quando a Discoteca Acre virou palco da música da terra

Por Ney Campos


Foto/crédito: Mi Oliveira

Na foto tirada no GCREC, da esquerda para direita tocando nos equipamentos da banda J. SOM 6,  Pino Salvador (bateria), Zezinho do Xanxo (proprietário da banda), Nem de Salvador no contra baixo, Zé Dilson (reportagem), Mi Oliveira (guitarra) e Zeca dos Teclados.



Lá pros lados de 1984, tinha um cantinho que fazia o coração do povo bater mais forte: a Discoteca Acre. Todo mês, o salão se enchia de vida, som e alegria. Era festa garantida, com artistas da terra, Severino Melo, Chico D`Oliveira, Antonio Rocha, entre outros,  subindo no palco pra cantar suas próprias músicas, misturadas com os sucessos que o povo gostava de ouvir e dançar.

 


Mas não era só por farra não, viu? Tinha um propósito bonito por trás: levantar dinheiro pra gravar um disco de vinil compacto com 4 músicas (duas de cada lado). E naquela época, gravar um disco era coisa de luxo — caro que só! Pra dar conta, os artistas bolaram esse esquema: vendia-se ingresso, chamava-se a comunidade e fazia-se a festa!

 


O povo comprava a ideia na hora. Todo mês, o salão ficava lotado. O público vinha animado pra ver a equipe se apresentar com uma banda da cidade, J. SOM 6, daquelas caprichadas, e ainda tinha dançarinas pra completar o clima arretado. Era um espetáculo completo, digno de memória.

 



Esse movimento durou em torno de dois anos, tempo suficiente pra deixar uma marca forte na história cultural da cidade. A Discoteca Acre virou símbolo de resistência, criatividade e orgulho local. Num tempo em que tudo era mais difícil, o pessoal se uniu e fez acontecer, provando que quando o povo quer, a cultura não morre.

 

Até hoje, quem viveu aquilo lembra com brilho nos olhos. E quem escuta a história sente vontade de ter estado lá, dançando e sonhando junto com aquela gente.

 

 Desenhos/fonte: revista.anicer.com.br

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