domingo, 12 de setembro de 2010

José Aras - Biografia

Contribuição: Leuza Bonfim


José Soares Ferreira Aras nasceu aos 28 de julho de 1893 no Sítio Lagoa da Ilha, Cumbe, (hoje Euclides da Cunha), município de Monte Santo, freguesia da Santíssima Trindade de Massacará, e faleceu em Euclides da Cunha, a 18 de outubro de 1979. Foram seus pais José Raimundo Soares e Joana Maria do Espírito Santo.

Aos 06 anos de idade compôs os seus versos, a caminho da feirinha de Cumbe.
Foi autodidata, poeta, repentista, crítico dos costumes em sua terra, pesquisador, prosador e o primeiro a contar em versos de cordel e em prosa a história da guerra de Canudos, na visão dos sertanejos, conforme registrou o prof. José Calasans Brandão da Silva, que foi seu hóspede em Bendegó.
Tinha inteligência, memória e sensibilidade telepática impressionante.
Embrenhava-se pelos sertões do nordeste brasileiro chegando a indicar mais de cinco mil fontes. Previa, com incrível exatidão, o veio de água, a profundidade, o tipo de solo ou formação granítica e a qualidade da água.
Previu a existência do grande lençol de água do Jorro e a construção da barragem de Cocorobó, além de outros fatos.
Em 1948, desbravou a caatinga, no cruzamento das estradas transnordestina e transversal, próximo ao local da guerra, fundando, ali o povoamento de Bendegó.
Tendo feito o Censo na região do conflito, em 1920, iniciou a coleção de material bélico usado pelo exército e pelo conselheiristas, criando e instalando no vilarejo o Museu Histórico da Guerra de Canudos, visitado e elogiado por personagens ilustres e estudiosos do Brasil e do exterior.
Foi o idealizador da mudança do nome de sua terra Cumbe para Euclides da Cunha, por Decreto do então interventor Landulpho Alves.


Sua produção literária é vasta. Dentre dezenas de livros de poesia e de história publicados, ressalta “Sangue de Irmãos”, que foi consulta permanente para o grande escritor peruano Vargas Llosam, José Calasans, Clodoaldo G. da Costa e outros historiadores pátrios. Em prosa, publicou ainda “Lampião, terror do nordeste”, “Um piolho na orelha de um lobo”, “A pedra do Bendegó”, “Máximas poéticas” e, recentemente “No sertão do conselheiro”. Na literatura de cordel, escreveu “Guerra no sertão de Canudos”, “A vida de João Calêncio”, “A panela da política e a câmara dos Deputados”, “Uma páscoa em Monte Santo” etc.
Grande estudioso da história da Bahia, deixou pesquisas e avaliações sobre a conquista dos sertões, pelas entradas de Belchior e Robério Dias, sobre o meteorito do Bendegó, a luta de jagunços e coronéis, Lampião, Revoltosos e aprofundado estudo sobre Canudos, seus defensores e sua problemática.

Sua poesia popular ironisa os costumes e os políticos do início do século, canta as belezas e as riquezas da Bahia e do Brasil, as festas populares, as comunidades baianas e reflete a angústia e a alegria do sertanejo.
Como autodidata e pesquisador no campo da Hidrologia, fez o maior levantamento dos recursos hídricos do subsolo do nordeste da Bahia, ajudando as populações sertanejas e localizarem, nas secas da década de 40, mas de 5.000 mananciais de água subterrânea. Publicou, para ajudar na descoberta de águas, o livro “Como descobrir Cacimbas”, que foi e é fonte de pesquisa em escolas de nível superior.

Por ocasião da 1ª Semana da Cultura de Euclides da Cunha em 1972 compôs o Hino.
Preocupado com as riquezas arqueológicas do Estado e com a memória nacional, organizou o único museu do interior, reunindo fósseis e todo o tipo de armas usadas na guerra de Canudos.
Depois de criar comunidades pelo interior da Bahia (Poço de Fora e Bendegó), incorporou-se a partir de 1950 à vida de Feira de Santana, aqui residindo com seus familiares, até 1958, quando faleceu sua esposa D. Maria Benevides Aras, regressando à sua terra natal.

Foi destaque nos jornais “O Globo”, “O Estado de São Paulo”, “A Tarde”, “O Farol”, e outros do Ceará e Maranhão, além das Revistas “Veja”, “Íris”, “Revista Brasiliense”, etc. Participou do filme de Ypojuca Pontes “Guerra de Canudos” e outros.
Recebeu títulos de cidadania, diplomas e medalhas de órgãos públicos.
No seu centenário de nascimento, foi homenageado em sua terra, sendo lembrado no congresso Nacional pelo Deputado Sérgio Tourinho Dantas.

Por Profª Dra Lina Aras

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19 comentários:

Simone Paiva disse...

Pelo que notei na sua vida, esse homem foi exemplo de paixão por nosssa história, grande colaborador para o Cumbe, exemplo de inteligência e dedicação
Parabéns!!!!

Moro em Abel Figueiredo - PA, nasci nessa terra maravilhosa, graças a Deus
Beijos a todos

João Bosco Soares dos Santos disse...

O Senhor José Aras, como está comprovado, foi um polímata, nas inteiras e totais concepção, dimensão e significação da palavra:
Aprendeu sozinho tudo de bom que pôde e quis; realizou-se, efetivamente, mais além que o razoável em todas as áreas profissionais que escolheu e se dedicou com dedicação, seriedade e responsabilidade;tornou-se um rico exemplo de autodidata.

Paulo Marcelo disse...

Eu era moleque ajudava ele cuidei dele, José aras, ele era tio do meu pai. Lembro que ele ia escrever me pagava para não deixar ninguem passar em cima da calçada porque o atrapalhava. Lembro tambem de um dono de mercado que jogava bola quando a bola caiu dentro da casa dele e ele rasgou essa bola , vindo homem puxar uma arma , nessa confusão toda o tio zé Aras como eu chamava surprendeu ele e a todos trazendo integrantes do exército foi uma pressão total. Minha mãe Josefa Santos Dos Reis cuidou do museu ainda em bendegó Paulo Marcelo filho de Pedro Ferreira Sobrinho hoje moro em Suzano SP email. tupapm@bol.com.br

Unknown disse...

SERGINHO DE JUVENCIO COSTA

NEI

TIVE A ALEGRIA E O PRAZER DE TER CONVIVO NA MINHA INFANCIA NA CASA DE JOSE ARAS. RELAMENTE ATE HOJE NÃO CONHECI ALGUEM MAIS CONHECEDOR DA NOSSA HISTORIA. POR VARIAS VEZES FICAVA AO LADO DELE ESCULTANDO O RELATO DOS ACONTECIMENTO DA NOSSA REGIÃO SOBRE A NOSSA CIDADE, O METEORITO DE BENDEGÓ E PRINCIPALMENTE SOBRE A GUERRA DE CANUDOS ESTA QUE ELE MESMO ACOMPANHOU DE PERTO E CRIOU O MUSEU DE CANUDOS EM BENDEGÓ.

EM FIM UM GRANDE HISTORIADOR.

SERGINHO ROCHA

Jose Batista de Macedo (zezito) disse...

Estou, há muitos anos, fora. Não vi nossa cidade crescer, mas acompanho, embora de longe, esse crescimento e importância entre os municípios baianos. Era adolescente, quando conheci o escritor José Aras. Em Salvador,ainda estudante, fui amigo de seus filhos, Raimundo Aras, Adalgisa e Maria José, tempo em que frequentei sua casa, no Bairro de Tororó. Zé Raimundo foi meu incentivador, até porque, exercíamos militância política estudantil, ele na POLOP e eu na AP. ÉRAMOS AMIGOS. ELE IA BUSCAR-ME NA FACULDADE DE ECONOMIA, NA PIEDADE. QUE SAUDADES! MESMO, NA ÉPOCA, NÃO SENDO UM ESTUDIOSO DE CANUDOS, JÁ TINHA EM MIM ADMIRAÇÃO PELO INTELECTUAL HISTORIADOR, POETA E CORDELISTA, JOSÉ ARAS, SEU PAI. TORNEI-ME ESTUDIOSO DA HISTÓRIA DO BANDITISMO, NO MUNDO E, SOBRETUDO, DO NORDESTE. LI ALGUMA COISA DO HISTORIADOR JOSÉ ARAS. SEU LIVRE, SANGUE DE IRMÃOS, É INIGUALÁVEL, PORQUE FOI ESCRITO POR UM FILHO DA TERRA. NASCIDO, ANTES DA GUERRA DE CANUDOS E, ALI VIVENCIOU FATOS. CONHECEU REMANESCENTES DA GRANDE VERGONHA NACIONAL, "AQUELA INJUSTA GUERRA". O HISTORIADOR, ZÉ ARAS, TERIA DE ESTAR ACIMA DE TODOS OS QUE, ATÉ AQUI, TENTARAM ESCREVER SOBRE CANUDOS, POR ISSO,NOS LIMITES DE SEUS OBJETIVOS E CONDIÇÕES, TODOS TEMOS DE TÊ-LO COMO REFERÊNCIA SOBRE O TEMA.
aSSIM, SEGUE UMA PERGUNTA AOS QUE GOVERNAM NOSSO CUMBE, HOJE, EUCLIDES DA CUNHA: EXISTE PRAÇA OU RUA IMPORTANTE COM O NOME DE JOSE ARAS, EM SUA HOMENAGEM? QUEM SOUBER, AO LER ESTE COMENTÁRIO INFORME-ME, POR FAVOR! ABRAÇOS A TODOS OS CONTERRÂNEOS CATINGUEIROS

JOSÉ BATISTA DE MACEDO (ZEZITO)
Meu e-mail: ADV_JMAC@YAHOO.COM.BR (com letras minúsculas)

Anônimo disse...

Distintos amigos,

Extraordinário portal... Brilhante. Tente aperfeiçoá-lo ainda mais...
Pelo presente, solicito-lhe a título de curiosidade, como poderei adquirir livros de José Aras e José Calasans?

Att,
Prof. Euzébio Cardozo Neto
(ecarneto@yahoo.com.br)

Leuza disse...

Caros(as) internautas,
Que felicidade saber que existem pessoas interessadas em nossa História.
Procurem esclarecimentos e obras do ggrande escritor José Aras com sua filha, a estimadfaamiga Drª Adalgisa, segue email:
nadyaras@gmail.com
Um abraço a todos e todas
Att
Leuza (leuzabomfim@hotmail.com)

Jeanete Abreu disse...

Extraordinária iniciativa essa de contar nossa História através do museudocumbe, nomes como José Aras realmente não poderiam passar despercebidos, um verdadeiro historiador e poeta com uma sapiência iningualável, e só esteve nos bancos escolares dois meses e meio, um autodidata, sempre muito interessado em conhecimentos.
Sou professora do Educandário Oliveira Brito e estamos realizando um projeto de título: No sertão do Conselheiro conhecendo o meu lugar e todo estudo tem como base o livro de José Aras No sertão do Conselheiro, estamos aprendendo muito e descobrindo coisas nunca antes escritas. Por sinal tendo muito apoio da sua ilustre filha Adalgisa Aras.
A culminância do nosso projeto está prevista para a primeira quinzena de novembro compareçam.
Abraços Jeanete Abreu

Unknown disse...

Olá Ney. Conhecí de perto o Sr José Aras. Fui o datilógrafo dos seus escritos sobre a guerra de Canudos. Tive o prazer de ser aluno de sua filha, a doutora dentista Sra Adalgisa, esposa do vereador Walter Macedo, que por sinal era compadre do meu pai, Sr Antonio Vitorino. Gostaria de relatar a história do meu pai. Ele foi quem fundou a primeira escola de datilografia de Euclides da Cunha no inicio dos anos 60 e teve como um de seus alunos o Adelmo, quando este ainda esta funcionário do Baneb. Aquele que, juntamente com Ramalho, protagonizou toda aquela pantomima de voar através de uma engenhoca com camara de ar..

Anônimo disse...

Onde encontro pra comprar os livros dele, especialmente o Sangue de Irmãos? Se souber, por favor, me envie a resposta pra o email socorro.araujo@gmail.com

Anônimo disse...

MEu avô foi um homem exemplar !!!

Idelfonso de Macedo Machado disse...

Nasci em Bendegó, vizinho à casa de José Aras, onde me presenteou com o livro “A PEDRA DO BENDEGÓ” com uma linda dedicatória. Grande Sábio!

Idelfonso de Macedo Machado disse...

Lembro-me que em sua residência, menino buliçoso, subia as escadas que dava acesso ao sótão, colocava a agulha da sua vitrola “Delta” e ficava girando com o dedo pra ouvir a música meu calhambeque de Roberto Carlos e a de Luiz Gonzaga “a triste partida” . Foi uma das melhores lembranças da minha infância.

fernando aras disse...

Felicidade fazer parte desta família e ter convivido com papai Dedé, como o chamávamos(eu e meus Primos).
Naquele tempo, meus poucos anos(5 até 9) não me permitia ter noção da importância e da grandiosidade que ele significava.
Hoje, tenho a felicidade de saber minhas origens!! Vindo de uma família integra e distinta.
Aliado a tudo isso, Ressalto aqui a continuidade, por parte de minha mãe e tios de todo o Legado deixado por este incrível José Aras.
Seguindo o exemplo do pai, meu tio Roque Aras também foi um desbravador!! Incentivado pelo grande exemplo de seu pai, formou-se em Direito e seu sucesso serviu de incentivo para seus filhos e sobrinhos.

Anônimo disse...

Bonito legado, mas pouco importa frente ao que o safado do neto dele faz. Um engavetador geral da república, deixou um bandido deitar e rolar em cima da cara de brasileiros. Um omisso, um canalha.
Safadeza e politicagem caminham lado a lado.

Anônimo disse...

Hey, augusto aras, vai tomar no cu!

Renny Moura disse...

Minha mãe foi casada com ele. E ele deu um livro desse a ela com dedicação.

RITA RIBEIRO disse...

Boa noite, Renny sabe onde posso comprar os livros dele? cassiac.duran@gmail.com

Anônimo disse...

Conheci José Aras na cidade de Euclides da cunha, olhou para meu joelho esquerdo e disse qual era meu signo e escreveu meu nome da esquerda para a direita e da direita para à esquerda com a mesma habilidade. Fiquei impressionado…